Opinion published (in Portuguese) on the national newspaper Diário de Notícias where I defend the need for a scale up strategy for Portuga. A consistent, bi-partisan effort to support entrepreneurship is steadily resulting in an abundance of start ups; now we need to help them go global:
Venha daí uma estratégia de ‘Scale up’ para setores tecnológicos
Algo aconteceu nos últimos anos ao meu país. Há miudagem que gosta de fado, mas não se sente fadada à mediocridade, a serem pequenos num pequeno país. São miúdos que acreditam que podem mudar o mundo, criar os novos unicórnio, conquistar o mundo a partir de pequenas bases de trabalho de Faro a Bragança. Tornámo-nos uma nação empreendedora e esta febre contagiou miúdos e graúdos – falo por experiência própria que ando nesta aventura do empreendedorismo já depois dos 50. Anos de medidas políticas efetivas contribuíram para sermos hoje reconhecidamente um país de start ups. Que diferença (boa!) para o Portugal onde cresci. Malgrado o difícil período económico que atravessamos hoje, queixamo-nos menos, fazemos mais. Parabéns a todos os que criam esta mudança todos os dias! Mas pergunto-me muitas vezes se esta febre de fazer diferente, de inovar, resultou numa real revolução económica e social no nosso país. Onde estão os milhões de Euros de vendas de productos ou serviços que resultaram da promessa daquela primeira ronda de investimento? Onde estão os milhares de postos de trabalho produtivo e bem pago? Parece-me (ui, que falta de rigor!) que são poucos, muito menos do que nós empreendedores prometemos às agências públicas que nos financiaram e aos investidores. Neste “mundo do empreendedorismo” o horizonte de muitos é tantas vezes apenas a próxima ronda, a Seed, Series A, Mezanine round, e tantos outros termos que apenas representam o adiar do cumprir a promessa com que a empresa foi criada. Acho, em toda a glória inimputável do “achismo”, que nós empreendedores somos uma parte do problema e que precisamos de levantar o rabo da cadeira e ir para o mercado: “deliver on the promise”. Escrevo este texto num avião, vindo de uma feira do outro lado do mundo – da maior feira de biotecnologia do Japão – onde vim procurar novos clientes e parceiros. Isso é o que nós, empreendedores temos de fazer, sem medos: ir vender! Como se chega a estas feiras com os enormes custos que comportam? A UE tem várias formas de apoiar empresas Europeias que se queiram fazer ao mercado e já nos ajudaram em várias feiras, em que integrámos pavilhões Europeus com a visibilidade que isso comporta. A UE! Já Portugal… Não deixo de reparar que éramos a única empresa Portuguesa na BioJapan, que do nosso lado tínhamos grandes pavilhões da Alemanha, da Itália, de Espanha, etc.; repararei que no banquete de abertura o vice-Mayor de Londres veio ao palco apresentar a delegação britânica e dizer-nos como o UK é fantástico para as empresas Japonesas investirem, e que o Foreign Office Britânico estava a trabalhar com as suas empresas para garantir reuniões de alto nível, algo que outros países também fizeram; não deixei de reparar que nos pavilhões coexistiam grandes, médias empresas, start ups, incubadoras e clusters. Esta não é a minha primeira feira, mas neste setor tão tecnológico que definirá a nossa saúde, alimentação e indústria no futuro, estamos tantas vezes sozinhos: Portugal está mesmo atrasado nesta corrida… Nós, empreendedores temos certamente que “ir à luta”, mas era menos difícil não termos de fazer tudo (sempre) sozinhos. Era bom alinharmos os players nacionais já presentes no mercado, as start ups, os incentivos públicos, as ambições dos investidores privados, as mentorias e o apoio na internacionalização para estabelecer uma estratégia “Scale Up Portugal” para os setores tecnológicos. É que (sempre) sozinhos, é mais fácil mudar a empresa para outro país.